domingo, 25 de dezembro de 2016

Esperando o ano novo

Hoje é Natal. Vinte e cinco de dezembro. E eu já estou desde a semana passada pensando sobre o ano que quase passou. Dá um certo medo de falar sobre 2016 antes que ele esteja de fato terminado porque tecnicamente ainda dá tempo de acontecer muitas coisas. Foi um ano sofrido pra mim. Acho que essa é a palavra que o descreve melhor. Eu sofri. E por mais que já tenha sofrido muito em outras ocasiões desta vez a dor superou tudo que veio antes. É uma experiência muito bizarra, por falta de palavra melhor, se ver tão despedaçada​ a ponto de não conseguir enxergar os pedaços, que dirá juntá-los de novo.  Foram uns bons meses numa espécie de limbo. Eu dizia que tava passando um tempo com a Samara, no fundo do poço. Talvez a capacidade de rir da própria desgraça seja um indício de que ainda existia muita vida em mim.
Um dia, a muitos anos atrás uma amiga, canceriana de sol e alma, em uma crise muito forte disse uma frase que a gente riu muito depois, mas que nesses meses fez todo sentido pra mim. Acho que ela define a depressão. A frase era "eu não vejo mais alegria numa flor". Eu não vejo mais alegria numa flor. Eu não vi também. Eu me sentia em um episódio de Caverna do Dragão, que eles entram num lugar que tem várias dimensões e em uma das salas o chão começa a desmoronar e eles caem. Eu caí. Passei muito tempo caindo. A queda foi grande e longa. E quando eu cheguei no fundo ainda não era o fundo. Era água. Então continuei o mergulho até as profundezas.  E foi lá que eu achei os pedaços perdidos.
Tudo estava muito sujo. Era um poeira densa de um lugar que não era limpo há muito tempo. Durante um tempo eu só fucei pra ver o que tinha ali. Achei várias coisas muito bem escondidas e  encobertas pelo pó. Coisas que eu nem lembrava que um dia existiram. E depois da exploração veio a faxina. A parte mais difícil, trabalhosa e demorada. E durante a limpeza surge a necessidade de decidir o que fica e o que deve ser jogado fora. E eu sou uma acumuladora. Uma acumuladora em processo de recuperação, mas ainda assim muito propensa a guardar coisas. Foi um processo complicado. Mas limpando eu pude enxergar de novo os tesouros escondidos e consegui me livrar de muita tralha. Muita. A culpa é a mais difícil de jogar fora porque ela é camaleônica. Se camufla no ambiente, você acha que se livrou dela, mas quando menos espera ela surge. E aí o trabalho recomeça. É preciso capturá-la, cortar a cabeça e tacar fogo. Ela é ruim de queimar, mas com persistência dá certo.
Agora dá pra enxergar o ambiente. Muitos espaços abertos para serem preenchidos, apesar de não ter conseguido limpar tudinho. Acho que é quase impossível fazer isso. Os lugares fechados sempre juntam pó. Mas muitas coisas também ficaram e se tornaram mais claras pra mim. Ficou evidente o que me edifica. As estruturas. O que não se deve nem pode mexer. A limpeza me fez ver onde eu não posso mexer. E isso é muito importante.
Astrologica e espiritualmente meu desafio era encarar a morte. Ela apareceu em todos os oráculos que eu consultei. E foram muitos, eu sempre apelo quando nada faz sentido. Ela apareceu sob diversas formas. Todas terríveis. E eu fui obrigada a me reconciliar e admiti-la como parte do ciclo. Necessária. Como os seres decompositores da cadeia alimentar que os aluninhos estavam aprendendo. Sem decomposição não há vida nova. Tem beleza no apodrecimento; no excremento que também é adubo. Eu posso dizer que passei um bom tempo literalmente na merda. Muita merda. Eu tive que pegar a enxada e misturar tudo na terra. E quando a enxada não era suficiente teve que ser com a mão mesmo. O chão ficou fértil. Ainda não sei o que plantar de novo, mas muito do que estava murcho voltou a crescer.
E por incrível que pareça coisas bem bonitas nasceram esse ano. E um sonho bateu na minha porta na hora que eu menos esperava. E esse abençoado marte em sagitário me fez ir embora com ele de peito aberto. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. E eu tive apoio de quem eu nem esperava. Duas surpresas. Dois presentes. Dois encontros de alma. Não faltou amor em 2016. Nem pra mim, como eu achava que seria, nem em mim. De um jeito inexplicável o que estava fadado a morrer, renasce quase diariamente, maior. Também não procuro explicação. Esse foi o aprendizado desse ano: nem tudo é possível de se racionalizar e tentar só causa ainda mais angústia.
Pode vir Saturno. Volta que eu tô pronta pra encontrar!

domingo, 18 de dezembro de 2016

A angústia vem de quando em quando
E eu ainda misturo o que é seu e o que é meu
Esse aperto no peito, de onde vem?
A quem pertence?
É seu?
É meu?
Tontura e formigamentos
Cadê o motivo?
O que é esse ruim que vem tomando conta de tudo?
Que preenche todos os espaços de vazio
E dor
Aqui ou aí?
Só sei que aqui eu sufoco

Vida

A morte ronda
Sonda
Pega na curva
Os desavisados
Que nem tão desavisados
São

A morte não poupa
Rouba
Ceifa
E abre espaço
Pro que tem de vir

A morte golpeia
Derrama sangue
Molha a terra
E brota
Viva

Agrego em mim uma egrégora
convergem neste ponto aqui
uma infinidade de seres
que vem visitar
que me fazem habitada
como uma floresta que tem vida pulsando
em todas as suas partículas
tem alma
tem vida em mim

sábado, 3 de dezembro de 2016

Brilho

Dizem que muitas das estrelas que enxergamos daqui já não brilham mais. Sua luz se extinguiu a centenas, talvez milhares de anos. Não sei. Nunca fui muito boa com dados numéricos. Nem datas. Malemá aniversários. Números de telefone a cabeça esqueceu a maioria. Outros que nem existem mais eu lembro, porque sou uma colecionadora de informações inúteis. Gosto de lançar uma informação bem nonsense no meio das conversas. Dessas que não tem importância nenhuma, só curiosidade mesmo. É que eu acho a curiosidade uma das maiores qualidades de uma pessoa. É uma prova inquestionável que vive alguém lá dentro. É sinal de vida que pulsa. Que existe sem propósito nenhum. E só por existir, é infinita em possibilidades.

O mar

Eu conheci uma menina fascinada pelo mar. Tinha em casa uma dessas conchas que se colocada no ouvido dava pra escutar as ondas.Poucas vezes estiveram frente a frente; dava pra contar nos dedos de uma mão só esses encontros.  Mas ela enxergava nele a origem de todos os mistérios e a fonte das aventuras mais maravilhosas. Ela queria ser pirata. A imensidão do mar era pra ela muitas coisas. Calma e medo. Silêncio e som. Possibilidades infinitas e descanso da alma. Contemplação. Dentro e fora. Medo e vontade. Mergulho ou não mergulho? Afogo ou nado? As ondas levam pra onde querem. O mar tem vontade própria. O mar é inconsciente.  E a metáfora perfeita do desconhecido.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Abrigo

Não existem mais lugares seguros fora
A segurança agora mora em mim
Dentro de mim
No fundo de mim ela tem lugar em uma casinha iluminada pelo sol
E uma cama fofinha
Com luz laranja
O sol é de manhã ou fim de tarde
E a noite da pra ouvir os grilos
E de manhã os passarinhos
Uns latidos ocasionais
Mas sem gritos de galinha d'Angola
As manhãs são longas
Cheiro de café
As noites de sono tranquilo
Cheiro de chuva
É a casa que eu carrego
Pra onde eu sempre posso voltar
Quando o cansaço bater
e for preciso descansar

Eu transito em meio as sombras
A minha volta tem um tanto de escuridão
Mas quando você acostuma os olhos,
consegue ver os contornos do mundo

Eu ando nas sombras mas não estou presa aqui
Escolhi estar
Preciso estar
Periodicamente
Porque pertenço a este mundo
E este mundo sou eu
Também



Tem um trecho do livro "Quem é você Alasca?" daquele cara que escreveu "A culpa é das estrelas" que as pessoas sempre compartilham no Facebook. Ele diz "se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela tempestade". Se eu fosse chuva seria chuva de verão. Dessas de fim de tarde que depois de um dia de muito calor, vem e refresca. E ainda traz o brinde de um arco íris e um tempinho a mais de sol do horário de verão. Eu amo o horário de verão. É que eu nasci no verão e amo fazer aniversário. E ver a chuva chegando. E o sol saindo depois. Ontem choveu e fez sol. Ao mesmo tempo. Mas não consegui achar o arco íris. Quem sabe hoje?

Sobre lembranças

Eu lembro que meu primo caçula tinha muita dificuldade em tomar sorvete. Seja de palito ou casquinha ele sempre derretia, pingava e sujava tudo. Ele não tinha a agilidade necessária porque o sorvete exige agilidade. Acho que as pessoas que gostam de sorvete são aquelas mais vorazes, as que tem pressa. Senão ele acaba virando uma água choca. Sorvete, assim como pão francês e Grecin 2000 me lembram meu vô Zé. Ele era uma pessoa bastante peculiar. Sempre comprava picolé de saladinha e minha vó reclamava que ninguém gostava. E pão queimadinho. Todo mundo gostava de pão branco, mas ele não. Minha vó examinava os pães quando ele trazia, antes de servir na mesa. As pessoas tem manias muito bizarras, mas é incrível como as suas manias não são bizarras pra você. Só as manias alheias que são. Eu tenho mania de falar antes de dormir. Lembrar mil coisas que me lembram outras mil coisas e aquela música daquela novela que passava quando eu tinha 8 anos. Eu e meus irmãos fazíamos isso sempre. Eu fazia isso com minha companheira de quarto na faculdade. Com o namorado, muito. "Gica, quando eu quiser que você fale é só eu dizer que vou dormir, né?" É. Eu sempre demorei pra dormir. Uma criança insone. É engraçado que eu nunca dei trabalho por isso. Nao acordava os pais. Não me queixava. So ficava pensando quietinha ou conversava quando tinha companhia. Hoje em dia eu alugo minha companheira de quarto as vezes ou as amigas que mesmo longe estão conectadas no celular. Mas todo mundo dorme uma hora. Eu também. Mas eu sempre sou a última a dormir.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Sol

Eu gosto das manhãs. Mas não de acordar muito cedo. E nem de trabalhar cedo. Eu gosto das manhãs de preguiça. Do sol da manhã. De enrolar pra levantar da cama. De tomar café. De caminhar sem pressa. Caminhar sem pressa de manhã. Viver sem pressa de manhã. Viver sem pressa. Sem correr. Eu gosto de caminhar. De reparar. Sem pressa. Eu gosto de ser. Sem pressa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sobre cheiros

Eu sou sensível a cheiros. Quando criança eu só dormia com a cheiro da minha roupa de cama. O meu cheiro. Mais tarde eu percebi que todas as pessoas tem um cheiro e que eu gostava delas a partir daí. Tem cheiros que eu gosto e permito que adentrem a minha vida e outros eu abomino logo de cara porque me causam repulsa instantânea. Eu posso até forçar simpatia, mas nunca vou permitir que passe do meu hall de entrada.
Porque é o cheiro que diz sobre a confiança. E não é aquela confiança de saber que fulano tem bom coração. É uma confiança primordial. Um lance meio instintivo, animal. Outro dias duas amigas me contaram que um conhecido atribui cores às pessoas pelos nomes. As letras e os tamanhos dos nomes tem cores correspondentes. E assim ele as classifica. Eu sinto cheiro. E o cheiro traz conforto ou desconforto. E meu olfato é extremamente sensível. Por isso os cheiros artificiais me incomodam tanto. Perfume quase não uso. Hidratantes, óleos e sabonetes, todos precisam passar pela exigência do meu nariz. e os sabonetes precisam passar despercebidos porque o banho, assim como a cama, precisa ser neutro. O banho é minha casa. O cheiro é minha casa. A casa eu reconheço pelo cheiro. E saudade grita através dele também. A saudade tem cheiro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Os três cabelos de ouro


Hoje eu abri o livro e estava exatamente neste conto. Achei que valia a pena publicar.

"Uma vez, numa noite escuríssima e trevosa, o tipo de noite em que a terra fica negra, as árvores parecem mãos retorcidas e o céu é de um azul-escuro de meia-noite, um velho vinha cambaleando pela floresta, meio às cegas devido aos galhos das árvores. Os ramos arranhavam seu rosto, e ele trazia um pequeno lampião numa das mãos. A vela dentro do lampião tinha uma chama cada vez mais baixa. O homem tinha os cabelos amarelos e compridos, dentes amarelos e rachados e unhas amarelas e recurvas. Ele andava todo dobrado, e suas costas eram arredondadas como um saco de farinha. Sua pele era tão vincada que caía em folhos do seu queixo, das axilas e dos quadris.

Ele se apoiava numa árvore e se forçava a avançar; depois se agarrava numa outra para avançar mais um pouco. E assim, remando desse jeito e respirando com dificuldade ele ia atravessando a floresta.

Cada osso nos seus pés ardia como fogo. As corujas nas árvores piavam acompanhando o gemido das suas articulações à medida que ele seguia pelas trevas. Muito ao longe, tremeluzia uma luzinha, um chalé, um fogo, um lar, um local de descanso; e ele se esforçava na direção daquela luz. No exato instante em que chegou à porta, ele estava tão cansado, tão exausto, que a pequena chama no seu lampião se apagou e o velho caiu porta adentro desmaiado.

Dentro da casa, uma velha estava sentada diante de uma bela fogueira e ela se apressou a chegar até ele, segurou-o nos braços e o levou mais para perto do fogo. Ela o abraçou como uma mãe abraça o filho. Ela se sentou na cadeira de balanço e o embalou. E ali ficaram os dois, o pobre e frágil velhinho, apenas um saco de ossos, e a velha forte que o embalava.

— Pronto, pronto. Calma, calma. Pronto, pronto. Ela o embalou a noite inteira e, quando ainda não havia amanhecido mas estava quase chegando a hora, ele estava extremamente renovado. Ele era agora um belo rapaz, de cabelos dourados e membros longos e fortes. Mas ela continuava a embalá-lo.

— Pronto, pronto. Calma, calma. Pronto, pronto. E quando a manhã foi se aproximando cada vez mais, o rapaz foi se transformando numa linda criancinha com cabelos dourados trançados como palha de milho.

No momento exato do raiar do dia, a velha arrancou bem rápido três fios da linda cabeça da criança e os jogou nos ladrilhos. Eles fizeram um barulhinho.

Tiiiiiing! Tiiiiiiing! Tiiiiiiiiing!

E a criancinha nos seus braços desceu do seu colo e saiu correndo para a porta. Voltando o rosto por um instante para a velha, o menino deu um sorriso deslumbrante, virou-se e saiu voando para o céu para se tornar o brilhante sol da manhã."

ESTES, C. P. A ciranda das mulheres sábias. Rocco, 2009.

domingo, 30 de outubro de 2016

O mundo tá caindo e eu só queria um tênis holográfico. É sério. Eu queria muito um tênis holográfico e estou convencida que isso me faria muito feliz.
Só isso mesmo.

Mudei o layout

E ficou fofinho!

Sobre a sorte outra vez

Esses dias eu fui trabalhar com quatro camadas de colares. O primeiro e mais curtinho, estilo gargantilha é um courinho marrom com um pingente do símbolo de Aquário. Eu tenho ele desde a adolescência e não faço ideia de onde ele veio. A gargantilha acho que veio do brechó da minha vó, mas o pingente não sei se comprei, ganhei ou achei por aí (sim, eu acho várias coisas, mas isso é um tópico pra outro texto). Enfim, é o primeiro e mais antigo dos colares.
O segundo é um colar médio de cordão regulável com uma pequena ametista em forma de gota que eu ganhei da minha irmã ano passado (acho) e achei que tinha perdido mas me foi devolvido sexta passada. E ele nos leva ao terceiro colar também de ametista, com uma pedra maior, mais clara e um cordão mais longo. Este eu comprei numa feira na rua do porto. Eu ia assistir uma peça que estava bem ansiosa pra ver e que foi linda. Mas precisava de proteção e a barraquinha de colares de pedra estava ali, oferecendo o que eu precisava. Junto comigo estava uma das pessoas que simbolizam a irmandade na minha vida, além da irmã de sangue ( que eu suspeito que também tenha sido uma escolha, mas isso também é outra história). E, finalmente, o último e mais comprido colar tem uma lua e uma bruxinha voando na vassoura. Ganhei da minha prima no amigo secreto das amigas bruxinhas então tem infinitos significados e me dá a impressão de ter elas todas comigo, além de me lembrar do meu poder.
Foi inevitável que as pessoas do trabalho reparassem na quantidade de colares, porque em geral uso um só ou dois. Eu recebi um elogio "Muito bonitos os seus colares" e respondi sem pensar "É que tem dias que eu preciso sair protegida, aí uso todos os amuletos juntos". Ela disse "Você reza pro seu anjo da guarda?" e eu respondi "Sempre. Eu me sinto muito protegida, tem muita coisa boa ao meu redor". Tem muita gente boa ao meu redor. Eu acho que se você protege, você ganha proteção. E se você me protegeu, algum dia, uma vez que seja ou várias, você tem a minha proteção. Pra sempre.

sábado, 29 de outubro de 2016

Casa

Eu sinto saudade do barulho do rio
a noite
antes de dormir

Assim como sinto falta da calma
do sossego
do aconchego
e da certeza

Eu tenho saudade das certezas
Eu tenho saudade de ficar
de ser recanto
de ser refúgio

Hoje eu sou só saudade
Mas amanhã quem sabe
vai chover
vai passar

sábado, 15 de outubro de 2016

Sobre a sorte, mais uma vez

Hoje eu acordei fazendo a evoluída, e tava ouvindo "Temporada das flores" do Leoni, uma música que eu gosto muito. Tá no meu hall das músicas de alegria matinal. E quando ela acabou o youtube rodou a próxima música, que eu conhecia, mas nunca tinha reparado de verdade. A melodia foi feita pelo Herbert Viana, e mandada pro Leoni na véspera do acidente de ultraleve. Que se esqueceu dela depois disso. Mas durante a recuperação lenta do Herbert, ele compôs essa música sobre amizade. Hoje eu percebi o quanto ela me representa e o quanto eu tenho sorte (ou uma intuição abençoada, como já questionei) com as pessoas a minha volta. Eu sigo acreditando.

Quando o sol de cada dia entrar
Chamando por você
Querendo te acordar
Vai ter sempre alguém pra receber
Dizer pra esperar
Você já vai chegar

Alguém pra olhar a casa
E alguém que regue o seu jardim
Até você voltar
E como é normal acontecer
Se num entardecer
A dor te visitar
Vai ter sempre alguém pra socorrer
 Fazer o seu jantar

Dormir no seu sofá
Enquanto a noite passa por mim
Eu rego o seu jardim
Você já vai voltar

Om mani padme hung
Om mani padme hung
Om mani padme hung
Om mani padme hung

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Eu sempre tenho sorte com as pessoas que escolho morar. Sempre. Aí fico pensando se é sorte mesmo ou um sexto sentido muito apurado. Eu atraio gente boa. Eu atraio ou eu escolho? O que importa é dá certo. E eu sempre tenho a impressão de estar protegida. O amor protege.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A história da mula triste e solitária

Só uma nota do título do meu primeiro livro infantil.

A vida em cores

Eu voltei a pintar. Voltei não é bem o verbo correto porque de verdade eu nunca tinha feito antes. Antes os desenhos eram em grafite e quando eu tentava colorir, com o lápis de cor, sempre achava que tinha estragado.
Mas achava que me daria bem com a aquarela. Uma vez me disseram isso. Uma vez a muitos anos atrás. E eu só fui tentar agora. E gostei.
Ela compõe com o grafite de um jeito bonito. E ela é fluida e molha. E quando seca, você pode molhar de novo e mexer infinitamente.
Mas geralmente eu não mexo infinitamente. Os desenhos tem tido começo, meio e fim. Fim.

sábado, 8 de outubro de 2016

Sobre árvores, adeus e recomeços

“Você já amou uma árvore? Se amou uma floresta ou uma árvore, sabe que existem árvores que, apesar de tudo o que tenha dado errado, conseguem enganar a todos — e sobrevivem para contar e ensinar sobre seu admirável retorno à vida. É mais uma vez o estopim dourado. Conheci muitas dessas árvores vigorosas nos bosques do norte onde passei a infância. Contudo, naquela época, como ocorre com frequência na vida das mulheres também, as grandes árvores eram repetidamente expostas a riscos por conta de rápidos esquemas de incorporação imobiliária. (...) Uma dessas árvores ameaçadas que conheci era uma enorme avó, um choupo. Essa árvore específica tinha sobrevivido por vários séculos a todo tipo de intempérie, inundação, congelamento e a todas as criaturas que tentaram corroê-la. Ela era o que nós chamávamos de "árvore da nevasca no verão" porque lançava suas sementes diminutas presas a uma reluzente penugem branca. Elas voavam e flutuavam nos ventos quentes da primavera, gerando uma tempestade de neve fina e transparente. Seria um equívoco imaginar que, por lançar suas sementes em saias cheias de babados, ela fosse frágil. Ela não era. Era uma guerreira. Um dia, porém, mesmo depois de provar seu valor nas batalhas que nunca buscava, mas que vinham confrontá-la diretamente repetidas vezes, e embora continuasse resistindo, ereta e majestosa... bem, um dia ela foi 'descoberta' por um grupo de gente armada de serras de arco e machados. E então, ao longo de algumas semanas terríveis — pois tamanha era sua circunferência, tão profundos eram seu coração e sua força —, sem nenhuma cerimônia, ela foi picada e derrubada. Depois, foi levada embora por um grande caminhão preto com chaminé. Na serraria antiquada, de teto de zinco, ela foi mais "desdobrada" — como se diz nas madeireiras — em madeira comum para estrados de carga e caixotes. E, como ocorre muitas vezes na vida de uma mulher, a conclusão era que ela havia sido derrubada, e que agora esse era o seu fim. E alguns, que tinham outros planos em mente, podem ter dito: "Já vai tarde." Mas... a mulher oculta que cuidava do estopim dourado lá por baixo da terra pensava de outro modo... Imagine um tijolo, de verdade. Agora imagine um enorme choupo vivo, confinado numa casca que tivesse os formatos e tamanhos de milhares de tijolos toscos em linhas ondulantes de cima a baixo, pelo tronco inteiro. Era essa a profundidade com que a casca do choupo estava entalhada — em si uma visão espantosa. Os velhotes que se alojavam entre os emaranhados de fios e mangueiras no posto de combustível disseram que a casca espessa fez com que os primeiros golpes poderosos dos machados saltassem de volta dos cortes e perseguissem os lenhadores pela rua abaixo. Disseram que só a remoção da casca do tronco exigiu sete dias de trabalho pesado. É difícil matar a vigorosa carapaça de um espírito altaneiro. A vida de uma árvore, a vida de uma mulher, não precisava e não precisa ser assim, tolhida e retalhada para abrir caminho para outra coisa de valor duvidoso. Há outros modos de viver sua vida e deixar outras vidas em paz; de se harmonizar, de chegar ao pleno florescimento por toda parte. Minha família vinha de uma tradição camponesa na qual as árvores para corte eram separadas das árvores da floresta. Eles semeavam árvores em áreas demarcadas: algumas para vender, algumas reservadas para o uso da madeira. Mas, as gigantes da Natureza eram encaradas de outro modo... As árvores da floresta não deviam ser derrubadas, pois as grandes árvores eram as verdadeiras guardiãs espirituais do povoado. As árvores guardiãs eram a proteção da aldeia contra o calor do verão. Durante tempestades, elas desviavam a mira do vento. Com seu tronco, seguravam os amontoados de neve, e evitavam que a neve acabasse por soterrar os chalés rurais e pusesse vidas em perigo. As grandes árvores da floresta impediam que grãos soprados pelo vento entrassem pelas mínimas junções nos beirais dos telhados e pelas soleiras das portas. Isso elas faziam apanhando nos seus ramos frondosos a poeira que o vento levantava dos campos. As velhas árvores propiciavam uma felicidade luminosa e calma ao coração de todos os que as viam ou que nelas se encostavam. E assim, as velhas árvores, como os anciãos da aldeia, nunca eram cortadas nem deixadas à míngua. Na antiga tradição da terra natal, se essa árvore da qual estamos falando tivesse tido uma morte natural, "no momento certo da sua própria hora", só então ela teria sido derrubada, caso não tivesse caído sozinha. Do seu tronco, porém, seria tirado um pau de cumeeira, assim como muitas escoras e ripas para forro. A partir daí, haveria uma casa cuja estrutura seria construída com sua madeira. A casa seria construída "ao alcance da visão" das raízes da velha árvore. Isso para que todos pudessem dizer com orgulho: "Está vendo? No final da vida, essa árvore foi derrubada com a devida gentileza. Ela então veio para um lugar bom e próximo sob uma nova forma. Seu amor por nós e nosso amor por ela nunca terminaram. Ela ainda está conosco." Se, em vez de viver no embotamento do mundo moderno — que às vezes pressiona os seres humanos a adotar eficácias a curto prazo, em vez de um planejamento a longo prazo que mantenha viva a generosidade da Natureza —, o grande choupo tivesse vivido na terra dos antepassados, dos seus nós, os velhos sábios teriam esculpido tigelas que acompanhassem os rios do seu veio. As tigelas seriam usadas como recipientes para leite de égua e para pão preto. O pintor de imagens do povoado teria pintado na parede de argamassa caiada da varanda da casa, abaixo do telheiro, um retrato do próprio choupo — para demonstrar que as raízes da casa e as raízes da enorme árvore estavam unidas por baixo da terra tanto quanto a céu aberto. Mas isso era naquela época. E um momento em que algumas pessoas se esquecem de que a Natureza não é um desconhecido, mas faz parte da família. Depois que o choupo foi derrubado, as pessoas tiveram muitos sentimentos a respeito do seu fim — algumas ficaram impassíveis; outras, em número muito maior, ficaram indignadas. Mas a maioria se sentiu desconcertada com a destruição de um ser tão admirável — um ser que na maior parte do tempo fornecia tudo para qualquer um que quisesse qualquer coisa. A árvore avó: o repouso à sua sombra; o brilho das estrelas atravessando sua copa à noite; uma criatura na qual era possível descansar; um conforto no som incomparavelmente tranquilizador do vento nas folhas falantes. Um lugar onde namorados podiam se demorar, um tronco no qual alguém poderia se encostar para chorar, uma copa sob a qual espíritos afins poderiam conversar em paz. No local onde antes ela tocava o céu, havia agora um espaço sinistro, um vazio, uma abertura escura que dava para lugar nenhum. Nem mesmo os arbustos frondosos e as formas de samambaias que viviam perto do chão — esses jamais poderiam compensar a falta da sua torre verde. E, ainda assim, a mulher oculta debaixo da terra cuidava do estopim dourado. Sempre. E sempre... Ao longo do ano, começou a acontecer alguma coisa com aquele enorme cepo de choupo. O que restou da árvore no chão tinha mais de 1,80 metro de diâmetro. Aquele tampo de mesa plano e prateado era grande o suficiente para que quatro mulheres de quadris largos se deitassem nele, lado a lado, sem desconforto. O tempo passava. E passava. Então... teve início o que chamo de "um lento milagre". Do cepo liso sobre o qual a árvore viva um dia se erguera, cresceram 12 rebentos a partir da velha árvore avó. Direto para o alto. Fortes. Ondulantes. Dançando numa roda. Em cima do cepo. Em torno da sua borda... 12 árvores que dançavam. As árvores jovens que cresceram a partir do corpo do velho choupo eram obviamente suas filhas. Na mitologia, uma árvore dessas "com sua prole" às vezes é chamada de "árvore do círculo de fadas"; espíritos que brotam do que parece estar morto... para dançar sem parar na alegria de uma nova vida. Elas não foram semeadas. São evocações. Elas surgem, "as muitas a partir de uma só", daquele único estopim dourado. Na mitologia grega, é Demetér, a mãe terra, que morre quando sua filha desaparece. E Demetér que volta à vida vibrante quando a filha lhe é restituída. Da mesma forma, essa grande árvore: as filhas provêm da raiz mãe mais antiga; elas trazem tudo de volta à vida outra vez. Não à vida estática. A vida que dança. Esse tipo de árvores com "rebentos" ocorre na Natureza, porque a vida nova está armazenada na raiz — mesmo que a massa maior acima da terra tenha sido derrubada, tenha sido levada dali — mesmo que a vida de uma criatura não tenha sido tratada com o devido respeito, ou não tenha sido gerada corretamente — mesmo quando cercada de apatia e indiferença. Mesmo que a carapaça tenha sido partida e destruída. Imagine só: a partir do espaço vazio, voltar não apenas com um novo rebento uma vez, mas com muitos. Independentemente de todas as outras condições, a mulher oculta por baixo da terra cuida do estopim dourado. Agora, com os ventos ousados, as folhas dessas arvoretas altas e lindas estão sempre em movimento, sempre falando com mil reflexos de verde. Se isso não for um milagre, não sabemos nada sobre os verdadeiros milagres. Pois quem será capaz de dizer que alguma coisa querida que foi rasgada e retalhada morreu de verdade? Quanto a qualquer mulher arrasada, quem poderá um dia começar a avaliar que grande vida acabará por brotar dos seus cortes, dos seus ferimentos — da eletricidade empurrada para cima a partir do seu cerne oculto, aquele estopim dourado? Por mais que ela tenha sofrido mutilações profundas, sua raiz radiante ainda está viva, ainda está produzindo e sempre estará à procura de vida significativa a céu aberto." 
ESTES, C. P. A ciranda das mulheres sábias. Rocco, 2009.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Quase setembro e os ipês brancos estão florindo. Inevitável não lembrar de nós e daquelas fotos debaixo de uma de um ipê branco florido, numa dessas noites no meio da semana e a gente rindo das desgraças da vida que naquela época não eram poucas. Vai fazendo 3 anos desde o início da nossa separação física. Da não mais convivência de todo dia, do não mais trabalho coletivo, da ausência do sentimento diário de grupo.
Esse ano por algumas vezes eu pensei se deveria ter voltado pra onde eu sempre quis ir embora. Muitas coisas morreram a partir daí, o medo cresceu feito erva daninha e tomou conta de grande parte de mim. Mas aí eu lembro desse encontro e penso que todas as vezes que eu tentei ser cética, o acaso (ou destino) me esfregou na cara sua força. Esse encontro estava marcado. E talvez o desencontro posterior, tão doído, também estivesse. Mas talvez a gente tivesse que se espalhar. E se encontrar ocasionalmente. E rir mais um pouco das desgraças. E criar mil teorias em duas horas. E comprovar mais umas várias. E lamentar a nossa separação. E concluir que vivemos uns nos outros, pra sempre, de alguma forma, juntos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Desenlace


Ele desamarrou a corda e disse:
- Vai. Você precisa ir.
- Ir? Por que? Eu não quero ir.
- Você tem que ir. Eu também.
- Mas a sua corda ainda tá amarrada. Tá vendo?
- Tá. Mas eu vou desamarrar. To vendo aqui como.
- Eu não quero ir sozinha. Não consigo. Vou ficar aqui esperando você. Eu posso ajudar.
- Você não pode me ajudar. Eu não posso te ajudar. Você tem que ir agora.
Ela hesitou. Tinha muito tempo que não enfrentava o mar sozinha. E a corda dele parecia muito bem amarrada. Reparando bem os nós estavam bastante apertados. Ela era uma especialista em desatar nós, até daquelas correntinhas finas que se embromavam nas gavetas. Dos novelos de lã do tricô da mãe. Era um passatempo. Uma habilidade. E se ele não conseguisse sozinho? Aquele nó com toda certeza era bem difícil de desatar. Resolveu então deixar pistas. Escreveu cartas, deixou vestígios. Muitas dicas sobre como soltar nós. E foi jogando tudo no barco dele. Mas o barco dela ia aos poucos se afastando, já que em meio a preocupação de fabricar as pistas, ela esqueceu de amarrar seu nó de novo no cais. Então teve que arranjar outros meios de enviá-las. Colocou cartas em garrafas e quando as garrafas não pareciam mais seguras, pois a distância aumentava, arranjou ajuda com golfinhos e tartarugas mensageiras. Tinha muito medo de que ele ficasse preso ali, sem conseguir soltar o maldito nó. Pra sempre.
Com o tempo ela foi tomando gosto pela escrita. E o barco foi se afastando, quase não dava pra enxergá-lo. Na verdade não dava. mas ela sabia que ainda estava lá. Ele mandava notícias de quando em quando pelos mensageiros. Elas não eram muito animadoras. Pelo que parecia ele tinha conseguido se enrolar ainda mais. E começava a ter noção da dificuldade que seria a empreitada. Ele tentava soltar mas acabava com as mãos machucadas e desistia.
Ela não sabia como ajudar. Parece que ele não estava conseguindo decifrar as pistas. Mas como? Estava tudo ali, tão explicadinho. Como ele não entendia?
E conversando com os golfinhos e as tartarugas que traziam as cartas, descobriu que os nós são diferentes pra cada pessoa. As suas instruções não serviam pra ele. Ele só havia conseguido desamarrar o nó dela, porque não havia nó. Era um lacinho, desses que puxando se dissolve facilmente. As pistas eram então inúteis para isso. Mas pensando bem, poderiam ser muito preciosas depois que ele descobrisse como se soltar, porque contavam muito sobre como viver no mar.
Assim seu coração foi ficando mais calmo. E a calma fez com que ela percebesse como o mar é bonito e quantas descobertas ela fez.
Agora já não mandava cartas, mas anotava tudo que achava interessante. Um dia as ondas poderiam trazer aquele barco e tudo estaria ali, documentado, pra ele ler quando for a hora.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Estava eu aqui analisando meu mapa astral - coisa que ando fazendo muito ultimamente - e cheguei a uma conclusão curiosa.
Eu que achava que era muito mais ar que qualquer outro elemento descobri que apesar de eu ter sol e ascendente em signos de ar, fazendo a contabilidade das casas e planetas tenho: 6 ares, 4 terras, 6 águas e 7 fogos. SETE casa/planetas em signos de fogo, sendo a maioria em Áries e Sagitário.
Tem muito fogo nesse mapa. Tem muita água nesse mapa. O que falta é terra (a vá nem tinha percebido risos).
A água já estava em processo de aceitação. Mas o fogo, esse vai ser o desafio da vez. Deixar queimar...

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias, espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Eu voltei depois de quase exatamente 5 anos. Não sei se pra ficar, nem por quanto tempo. Só sei que é bom me encontrar de novo aqui. De volta.