sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sobre cheiros

Eu sou sensível a cheiros. Quando criança eu só dormia com a cheiro da minha roupa de cama. O meu cheiro. Mais tarde eu percebi que todas as pessoas tem um cheiro e que eu gostava delas a partir daí. Tem cheiros que eu gosto e permito que adentrem a minha vida e outros eu abomino logo de cara porque me causam repulsa instantânea. Eu posso até forçar simpatia, mas nunca vou permitir que passe do meu hall de entrada.
Porque é o cheiro que diz sobre a confiança. E não é aquela confiança de saber que fulano tem bom coração. É uma confiança primordial. Um lance meio instintivo, animal. Outro dias duas amigas me contaram que um conhecido atribui cores às pessoas pelos nomes. As letras e os tamanhos dos nomes tem cores correspondentes. E assim ele as classifica. Eu sinto cheiro. E o cheiro traz conforto ou desconforto. E meu olfato é extremamente sensível. Por isso os cheiros artificiais me incomodam tanto. Perfume quase não uso. Hidratantes, óleos e sabonetes, todos precisam passar pela exigência do meu nariz. e os sabonetes precisam passar despercebidos porque o banho, assim como a cama, precisa ser neutro. O banho é minha casa. O cheiro é minha casa. A casa eu reconheço pelo cheiro. E saudade grita através dele também. A saudade tem cheiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário